Ebó
A palavra ebó significa o sacrifício, e devemos entender isso de uma forma ampla e não somente o que requer sangue. O ebó é uma oferenda a ser feita para os ancestrais ou orixá (òrìṣà)
em agradecimento por bênção recebidas ou na intenção de resolver
problemas ou obstáculos, abrir portas e oportunidades ou um ritual de limpeza. Os ítens
normalmente se compõe de materiais comestíveis como frutas frescas, água,
bebidas destiladas, mel e azeite. Além disso o ebó (ẹbọ) pode conter
outros itens como dinheiro, roupas, búzios e ervas.
Alguns tipos de ebó
são colocados dentro de casa e outros devem ser colocados no tempo. Ebó, é assim uma oferta ritual, um forte elemento e o motivo final do
processo de consulta ao oráculo. Ele tem uma função central no processo
de consulta. O ritual de oferta consiste de uma liturgia elaborada com
objetivo de apresentar uma comida e bebida através dos quais o homem
manipulará e usará para intermediar com as divindades em seu próprio
benefício. O relacionamento entre os seres humanos e as divindades é expressado e
obtido através da execução de rituais e liturgias, e isso ocorre em
qualquer religião sendo essa, a ritualização, a base da necessidade e
existência das religiões uma vez que a sua razão é a ligação entre o
homem e o divino. A colocação ou citação do oráculo como parte do processo de um ebó é intencional, em se tratando de Candomblé ou de Ifá,
não existe sentido em se estabelecer a necessidade de se fazer um ebó
sem que o oráculo esteja envolvido. Estamos tratando de uma processo de
transmissão, equilíbrio e reposição de axé através de orixá e com a
interferência de um "operador" o sacerdote, que apontará se há a
necessidade ou não de se fazer um ebó, assim como a composição do mesmo, o local onde será feito o ritual, etc. Toda a ritualistica do trabalho tem que ter sido definida
através do oráculo.
Os rituais e liturgias conectam o mundo físico ao mundo espiritual de
forma a trazer harmonia e equilíbrio para o nosso dia a dia. A realização das liturgia e rituais através do ebó re-ordena e corrige o
relacionamento entre a divindade e o homem trazendo o equilíbrio que se
deseja.
Não são em todos eles que ocorre a sangria de animais, pois há os chamados ebós brancos ou secos, nos quais não é permitido qualquer sacrifício e os animais utilizados, geralmente neste caso os frangos e galos, são soltos na natureza com vida.

Elementos mais utilizados nos sacudimentos
Milho amarelo e branco /pipoca/ amido de milho
Farinhas diversas em forma de massas e bolinhos
Arroz
Feijão
Canjica
Pães
Ovos cozidos e crus (galinha, pata, codorna)
Aves
Peixes
Carnes
Vísceras
Sal grosso
Carvão vegetal
Enxofre
Argila - lama - lodo pantanoso
Areia de diversas procedências (mar, rio)
Terra
Água de diversas procedências (mar, rio, cachoeira)
Batata
Cará
Alho
Cebola
Alface
Comidas dos Santos, principalmente as Iansã, Omolú, Nanã e Exú.
Após o ritual do ebó, as folhas sagradas são usadas de forma ordenada nos banhos litúrgicos, podendo ser necessário o uso de água sagrada. Existe uma rígida cartilha a ser seguida para que se tenha resultados e o sacrifício seja aceito. As proibições denominadas ewo são, por exemplo: a não ingestão de qualquer tipo de carne vermelha nem tampouco frutas vermelhas ou ácidas (incluindo seus sucos); a abstinência principalmente de práticas sexuais como também de beijos e abraços; a ida a velórios, hospitais, cemitérios ou mesmo a passagem sob arames farpados ou escadas; e a bebida alcoólica é um verdadeiro tabu.
O ritual é largamente praticado em diversas casas e centros religiosos de candomblé.
Awolalu idetifica seis tipos de sacrifícios entre os Yourubas:
- Ebo Ope ati Idapo, oferta de agradecimento e comunhão
- Ebo Eje, oferta votiva
- Ebo Etutu, sacrifício propiciatório
- Ebo Ojukoribi, sacrifício preventivo
- Ebo Ayepinnu, sacrifício substitutivo
- Ebo Ipile, sacrifício para fundações
O Ebo Eutu, o sacrifício expiatório, é o mais significante de todos para pacificar a ira dos deuses ou compensar por mal feitos.